Assim que percebemos algo diferente na nossa pele, uma mancha ou um machucado, é comum pensarmos nos motivos para essa mudança. No caso do vitiligo, condição caracterizada por manchas claras na pele, as causas são diversas e ainda não muito claramente estabelecidas, mas, sabe-se, tem base genética. “É uma doença multifuncional em investigação, com diversos fatores, destacando-se alterações genéticas, doenças autoimunes, entre outros”, explica o médico dermatologista Fabrício Claudino.

A perda de coloração da pele presente nessa doença é chamada de hipopigmentação, e é causada pela diminuição ou pela ausência de melanócitos, células da pele que são responsáveis pela produção de melanina. “Nessa condição, ocorre destruição seletiva dos melanócitos, levando à diminuição da pele e/ou mucosas”, detalha Fabrício.

Por ser ligada à condição da autoimunidade e da genética, não há maneiras de evitar o vitiligo nem curá-lo totalmente, mas cuidados podem melhorar a aparência e estabilizar a condição. Por exemplo, o cuidado com estresse é benéfico para controle da doença.

Além disso, evitar roupas apertadas, redobrar os cuidados em relação à exposição solar e fazer acompanhamento com especialista frequentemente. “Por ser uma doença autoimune, o tratamento integral do indivíduo se faz necessário, pois quem tem uma condição autoimune também tem tendência a ter outras”, explica a dermatologista Paula Luz Stocoo. Cuidar da saúde intestinal, praticar regularmente atividade física e incentivar a melhora da qualidade do sono são de fundamental importância.

Causas

As causas estão relacionadas com diversos fatores, mas está ligada, principalmente, à genética. “É uma doença que apresenta perda de tolerância do sistema imune contra os melanócitos, que são atacados por células chamadas linfócitos T”, explica o dermatologista Caio Cesar Silva. Isso ocorre quando células reguladoras da autoimunidade, chamadas de reguladoras de linfócitos T, têm sua função ou número diminuídas por acontecimentos ainda não totalmente explicados. Eventos como estresse físico e mental, além de fatores ambientais, como um clareador de pele, são alguns exemplos que podem afetar essas células.

Classificação

O vitiligo pode ser classificado em dois grupos principais:

Não segmentar ou bilateral: manchas dos dois lados do corpo, geralmente de forma simétrica. As manifestações surgem, inicialmente, nas extremidades, como mãos ou pés. Nesse tipo, há momentos de perda de cor e depois de estagnação. Ocorrem durante a vida toda e os ciclos, assim como as áreas despigmentadas, geralmente, aumentam com o tempo.

Segmentar ou unilateral: nesse tipo, as lesões estão distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo e, normalmente, em pessoas mais jovens. Os pelos e os cabelos também podem perder a coloração natural.

O vitiligo pode surgir
As manchas do vitiligo podem surgir nos braços, pernas, abdome, pescoço e axilas.(foto: Reprodução/Pinterest/@hanenboubahri)

Sintomas

  • A grande parte dos pacientes com vitiligo não apresenta qualquer outro sintoma além das manchas. Porém, alguns podem ter sensibilidade nas áreas e dor. “Os pacientes de vitiligo sentem um leve prurido na pele quando as manchas brancas estão começando. Elas podem ser desde localizadas até despigmentadas quase no corpo todo”, completa Caio.
  • A maior preocupação, nesse caso, são os sintomas psicológicos e emocionais, que podem ser desenvolvidos pelo impacto na autoestima dos pacientes. “O suporte e o apoio psicológico são muito importantes, pois são lesões que costumam afetar bastante a qualidade de vida dos pacientes”, afirma a dermatologista Paula Luz Stocoo. Isso gera um ciclo vicioso, no qual o estresse pode ser o gatilho de formação de lesão, assim como também de sustentação das lesões.

Diagnóstico

O diagnóstico do vitiligo é clínico, ou seja, realizado pela observação das manchas. Além disso, para auxiliar, em muitos casos, é realizado o exame com lâmpada de Wood, equipamento fluorescente comumente utilizado nos diagnósticos dermatológicos. “Na dúvida, também fazemos biópsia e anatomopatológico”, completa Caio. As duas ferramentas ajudam na confirmação de ausência ou redução dos melanócitos.

Tratamento

De acordo com a dermatologista Paula, para o tratamento da condição, as terapias tópicas, como corticoides, inibidores de calcineurina, medicamento usado em dermatoses alérgicas, são indicadas. Além disso, terapias sistêmicas, com o uso de corticoide por via oral e outros fármacos, podem ser alternativas.

Outros terapias complementares também são descritas, como o uso de antioxidantes orais e fototerapia e laser para estimular a repigmentação. “E uma abordagem que pode ser sugerida, caso as lesões já estejam estáveis e não tenham respondido às outras terapias, é a realização do tratamento cirúrgico do vitiligo”, completa a dermatologista.

(*)com informação do Jornal CB