O governador Camilo Santana (PT) acertou ao recorrer ao Governo Federal para pedir ajuda no combate aos grupos criminosos que, entre a noite de quarta-feira e madrugada deste sábado,  transformaram a Grande Fortaleza e cidades do Interior do Estados em áreas de extrema insegurança e território  fértil para atuação dos bandidos. A polícia já contabiliza quase 80 ataques.

Camilo adotou ações internas, pediu ao Ministério da Justiça urgência no envio da Força Nacional e precisou engolir sapos que dão a sinalização sobre as dificuldades a serem enfrentadas com o poder central. 

Um dos sapos foi jogado pelo presidente Bolsonaro ao dizer que, mesmo Camilo Santana como oponente, o Governo Federal não deixaria de ajudar o povo do Ceará. O vice-presidente General Mourão foi ainda mais cáustico ao atribuir ao governador a responsabilidade pela violência e pelo caos na Grande Fortaleza. 

As frases pesadas   dão gás aos opositores que se sentem estimulados e ganham fôlego para os novos embates políticos que se avizinham, como as eleições municipais de 2022. A primeira semana do segundo mandato deixa outra certeza no Palácio da Abolição: a oposição estará acesa, bem diferente da primeira administração.

As dificuldades na relação entre Governos Estadual e Federal  eram previstas, mas podem ser ampliadas por determinados gestos, como, por exemplo, a ausência na posse de Jair Bolsonaro em Brasília. 

A ausência, como protesto, pode ser assimilável, mas, quando se trata de uma relação institucional e necessária para um Estado, não há como justificá-la. Camilo começa o segundo mandato com percalços e, para alguns, a insistência no mesmo modelo de segurança desenvolvido na primeira gestão pode significar um erro. Ele, porém, pensa diferente,  acha que está certo e quer mostrar que a política de segurança dará resultado.

O tempo dará respostas a esses sentimentos, mas, nesse momento, a resposta mais urgente é garantir a tranquilidade aos moradores da Grande Fortaleza e das cidades atingidas pela bandidagem. Camilo trabalha internamente, deve falar aos cearenses – não apenas pelas redes sociais, precisa ampliar a comunicação, responder a questionamentos e deixar para a população a convicção de que, em seu segundo governo, o crime organizado não será maior do que o Estado.