Após garantir uma ampla aliança na corrida presidencial com os partidos do Centrão – formado por PRB, PR, DEM, PP e SD – Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, se vê pressionado pelo blocão, que chegou a dar prazos para o ex-governador de São Paulo descolar dos 7% verificados até agora nas pesquisas eleitorais.

Nas contas de parlamentares do bloco mais fisiológico do Congresso, a data-limite seria 19 de setembro, considerando não apenas uma melhor performance de Alckmin, mas também a capacidade de transferência de votos do petista Luiz Inácio Lula da Silva para o ex-prefeito paulista Fernando Haddad.

Os tucanos e os aliados mais fiéis, por sua vez, acreditam que os números até aqui não representam uma estagnação, dada a ausência da campanha na televisão — o principal objetivo de Alckmin ao formar a ampla aliança, garantindo 11 dos 25 minutos por programas no rádio e na TV. O horário eleitoral gratuito começa na sexta-feira da próxima semana, 31 de agosto, o que daria ao tucano cerca de 15 dias para mudar o atual quadro das pesquisas, evitando a debandada de aliados para candidatos colocados nas primeiras posições.

De certa forma, o desembarque já ocorre entre parlamentares do Nordeste, como Ciro Nogueira (PP-PI), que declarou “estar ao lado de Lula”. O movimento é visto com naturalidade pelos tucanos, que se dividem inclusive na relevância em buscar votos nos estados nordestinos, onde Alckmin apresenta os menores índices. “A melhor estratégia, a partir de agora, é se concentrar no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, que têm mais 60% dos votos”, disse um aliado de Alckmin, que preferiu não se identificar. “É mais inteligente se fortalecer em estados mais simpáticos à candidatura do que reverter votos em outros lugares.”

As últimas eleições presidenciais dos tucanos — com Aécio Neves, em 2104, e José Serra, em 2010 — demonstram que percentuais aquém das expectativas em Minas Gerais ou em São Paulo podem ser fatais no cálculo geral de votos. A dificuldade de Alckmin é que ele, apesar de conseguir resultados melhores no Sul, no Centro-Oeste e no Sudeste, ainda apresenta números baixos nessas regiões. Em São Paulo, por exemplo, o tucano aparece em segundo lugar em alguns levantamentos, atrás de Jair Bolsonaro (PSL). O capitão da reserva do Exército seria um porto para alguns integrantes do Centrão, inclusive.

Ontem, durante evento na capital do Rio, Alckmin se disse confiante: “Vamos para o segundo turno, e, estando no segundo turno, a chance de ganhar é muito grande. Estamos muito otimistas. A campanha nem começou ainda, agora está começando a embalar”. Consciente do risco de debandada de aliados, o tucano foi direto ao reduzir a importância dos levantamentos eleitorais: “Têm pessoas que se impressionam com pesquisa. É preciso acreditar na campanha. É agora que o povo vai começar a definir seu voto”.

A questão é que faltam apenas 46 dias até as eleições. Aliados, assim, defendem mudanças na campanha, a partir de um verniz mais popular na figura de Alckmin. Estaria ainda faltando uma marca nas propagandas.

Mercados

O resultado das pesquisas influiu nos mercados nas últimas 24h, levando o dólar à maior cotação desde fevereiro de 2016, fechando a R$ 4,03. Alckmin fez referência aos números e à própria impaciência de investidores com os levantamentos. “Vamos ganhar a eleição, a bolsa vai para mais de 100 mil pontos, vai ter muito investimento. Para ter investimento, tem de ter confiança, e é isso que nós vamos trazer de volta. O Brasil tem pressa.” O tucano disse ainda que o grande tema destas eleições é a criação de empregos, no que parece uma reação, pelo menos na campanha.

Com informações do Jornal Correio Braziliense