Considerado o primeiro mês da chamada quadra invernosa cearense, fevereiro terminou com chuvas acima da média histórica. O total de precipitações somou 157,5 milímetros (mm), quando a média para o mês é 118 mm.

Além disso, esse foi o fevereiro mais chuvoso dos últimos cinco anos – perdendo somente para 2011, quando choveu 169,6 mm. Em relação a 2016, o quinto ano seguido de seca no Ceará, a chuva de fevereiro de 2017 foi quase três vezes maior que a do mesmo mês do ano passado, quando choveu apenas 53,2 mm.

Apesar de os dados, a princípio, trazerem certo ânimo, o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, explica que o prognóstico para a quadra – formada pelos meses de fevereiro, março, abril e maio – está mantido. A informação mais recente, divulgada no último dia 20, aponta para uma maior probabilidade (43%) de chuvas dentro da média histórica no Ceará.

“Temos como uma segunda probabilidade razoável as chuvas ficarem abaixo da média. Ainda corremos o risco em relação à quantidade de chuva de que necessitamos para sairmos totalmente da condição de seca. Este ano está mais favorável que ano passado, mas os sinais não são muito claros de que iremos ter chuvas abundantes”, acrescenta.

Os cinco anos seguidos de seca no Ceará afetaram gravemente os reservatórios de água. Atualmente, os 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) têm apenas 6,53% da capacidade total.

As chuvas de fevereiro foram responsáveis por um aporte de 125 milhões de metros cúbicos (m³) em 111 reservatórios. Desses, quatro deixaram de estar secos, um saiu do volume morto e outro já está transbordando. Mesmo assim, ainda há 32 açudes secos e 51 no volume morto.

A Zona de Convergência Intertropical é o sistema meteorológico responsável pela maior parte da chuva na quadra invernosa. Segundo Fritz, ele depende da interação entre os ventos e da temperatura da superfície do mar. Atualmente, essas condições ainda não são ideais para proporcionar um ano chuvoso.

“Os sinais gerais meteorológicos e oceânicos não são indicativos de chuvas acima da média, que seria o necessário para ter uma boa recarga hídrica nos principais reservatórios”, explica o meteorologista. Os três maiores açudes do Ceará são o Castanhão, maior açude público do Brasil, com capacidade de 6,7 bilhões de m³; o Orós (1,9 bilhão de m³) e Banabuiú (1,6 bilhão de m³). Os três estão com menos de 20% da capacidade.