Um dia após o primeiro debate presidencial na TV, o candidato do PDT, Ciro Gomes, disse que não pretende subir o tom para ter mais visibilidade na disputa. A estratégia, segundo ele, é seguir enfatizando as propostas de sua campanha.

— Acho que o povo brasileiro está tão sofrido, machucado, descrente, que temos que ser muito respeitosos, cuidadosos, delicados. É o que vou procurar fazer — disse a jornalistas, após evento promovido pela ONG Todos Pela Educação, nesta sexta-feira. — Ontem consegui ser duro, em certos momentos, mas sem levantar a voz, sem ser grosseiro. Não precisa ser. Esse monstro que criaram ao meu redor, da minha imagem, não guarda a menor coerência da minha vida. Sou um doce de coco, pode acreditar nisso — afirmou.

Ciro disse que sempre foi “paz e amor”, mas que, ao mesmo tempo, sabe brigar e que não está na luta política para “alisar”, pois não faz parte da máfia, na qual vigora “a lei do silêncio”.
— Então, eu não falo do teu rabo de palha e você não fala do meu. E eu não pertenço à máfia. Então o Ciro é ‘bocão’ — disse.

Na sequência, citou alguns dos políticos que já denunciou por malfeitos, como o ex-deputado Eduardo Cunha, o presidente Michel Temer, e o senador Eunício Oliveira, com quem seu irmão e coordenador de campanha, Cid Gomes, firmou uma aliança informal no Ceará.

Ciro nega que tenha tido uma repercussão tímida no debate, mas a avaliação interna de sua equipe é de que o formato o desfavoreceu. Estes assessores admitem que outros oponentes, como o tucano Geraldo Alckmin e a candidata da Rede, Marina Silva, tiveram mais visibilidade por terem tido mais oportunidades de falar ao eleitor.

No debate, Ciro prometeu tirar 63 milhões de brasileiros que estão com o nome sujo no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Questionado sobre como irá fazê-lo, explicou:

— Trata-se de entender o volume da dívida, que humilha 63 milhões de pessoas. De descontar do volume dessa dívida, com a mediação poderosa de um governo que sabe o que faz, de descontar todos os desaforos, como juros sobre juros, correção monetária, multas, entre outros, e refinanciar o que sobrar — afirmou.

Segundo Ciro, ao fazer isso, a dívida média por cidadão é de R$ 1,4 mil, o que seria factível de negociar mediante ações como o afrouxamento dos compulsórios dos bancos.

— Essa é a questão: quando é para rico é muito rápido e simples e quando é para pobre, todo mundo quer botar defeito.

Durante a sua exposição, Ciro criticou fortemente a emenda 95, do chamado teto de gastos, aprovada pelo governo de Temer, e que ele comparou a um “torniquete de pescoço”. Segundo Ciro, o próximo presidente do Brasil “será derrubado em seis meses” diante da falta de condições de governar, caso não revogue a proposta.

— O baronato financeiro vai pedir o meu fígado na eleição — disse, em referência às críticas que têm feito à medida e aos elevados ganhos dos bancos com juros. — Nosso problema é conflito distributivo, porque a gente gasta muito com despesas financeiras — complementou.

PROGRAMA DE GOVERNO MAIS DETALHADO

De acordo com o coordenador de campanha de Ciro, Nelson Marconi, uma versão mais detalhada de seu programa de governo, que contempla 12 áreas, será divulgada no site do candidato até a próxima segunda-feira, dia 13.

A ênfase será a área econômica, mais especificamente sobre a meta de criação de 2 milhões de empregos no primeiro ano de governo. O programa também tratará de reformas, como a da Previdência, e explicará o projeto de Ciro de fortalecimento da indústria e da infraestrutura nacional.
— Serão diretrizes gerais e abertas à discussão com os setores envolvidos em cada uma das áreas — diz Marconi.

 

Com informações O Globo