O senador Tasso Jereissati e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, começam a construir um novo rumo partidário. Fundadores do PSDB, no final dos anos 80, Tasso, que tem mais quatro anos de mandato no Senado, e Alckmin, que, em 2018, ficou fora do segundo turno da disputa pela Presidência da República, andam desencantados com os desdobramentos de investigações que expõem o partido na lama da corrupção.

Dois episódios – a prisão, nesta sexta-feira, 25, do ex-governador do Paraná, Beto Richa, e a revelação da Procuradoria Geral da República, nessa quinta-feira, 24, sobre “indícios de práticas criminosas que necessitam de esclarecimento” no processo de investigação contra o senador Aécio Neves. O clima contribui para aumentar o desconforto de Tasso e Alckmin no PSDB.

De acordo com o Blog do Josias, do site UOL, “incomodados, tucanos da velha guarda, como Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati, foram acometidos da síndroma do que está por vir. Procuram a porta de saída do partido“. A análise tem como principal componente o movimento do Governador de São Paulo, João Doria, que se articula para comandar a Executiva Nacional do PSDB. Doria trabalha com olhos voltados ao Palácio do Planalto em 2022 ou 2026.

A estratégia de João Doria avança e, de acordo com o colunista do UOL, moído na campanha presidencial de 2018, Alckmin será substituído na presidência nacional do PSDB por Bruno Araújo, ex-ministro das Cidades no governo de Michel Temer e, no caso do senador cearense, a nova geração tucana quer tirá-lo da Presidência do Instituto Teotônio Vilela.

Envolvido na disputa pela Presidência do Senado, Tasso Jereissati não tem falado sobre a vida partidária, tanto no âmbito nacional quanto regional. O desconforto é visível no cenário nacional e, no Ceará, há incômodo, também, com a divisão no PSDB. 

Há três anos, o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, Maia Júnior, se manteve filiado ao PSDB e provocou inquietação ao assumir o cargo de Secretário de Planejamento na primeira gestão do Governador Camilo Santana sem se desligar do partido. Depois de muita pressão, Maia se desfilou do PSDB

Os contratempos no ninho tucano, depois do episódio Maia Júnior, voltam a se repetir e, agora, com o médico Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Dr. Cabeto, que assumiu a Secretaria de Saúde do Estado e não se desligou do PSDB. Cabeto, ao aceitar o convite de Camilo Santana, deu uma espécie de troco em alguns tucanos que o deixaram fora da composição da chapa ao Senado nas eleições de 2014. 

O PSDB enfrenta dificuldades no campo nacional e, no Ceará, ameaça definhar ainda mais. O Partido elegeu dois deputados estaduais – Fernanda Pessoa e Nelinho de Freitas, e um federal – Roberto Pessoa. Nelinho já se entregou aos braços do Governo do Estado e caminha para deixar o PSDB. 

Roberto e Fernanda já mandaram recado: se o PSDB ficar no meio termo entre ser oposição e aliado de Camilo, os dois pulam fora. Com tantos desencontros entre os tucanos, o deputado estadual Carlos Matos, em entrevista ao Jornal Alerta Geral (Rádio FM 104.3 – Expresso Grande Fortaleza + 26 emissoras no Interior), definiu o atual momento do partido: o PSDB morreu e precisa renascer!