As lideranças regionais do PT, MDB e PDT acompanham com atenção a movimentação do presidenciável Ciro Gomes (PDT) e as articulações do ex-presidente Lula para definir os rumos das eleições de 2018. Lula é considerado inelegível após ser condenado pela Justiça Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Sem o petista candidato, Ciro é considerado herdeiro de parte dos votos de Lula. Dentro do PT, alguns setores são simpáticos a Ciro Gomes, mas outras correntes mantem a defesa da candidatura do ex-presidente Lula e rechaçam aliança com o PDT na disputa pela Presidência da República.

O foco das divergências internas ficou mais evidente com o desdobramentos da reunião entre o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes (PDT), na noite de terça-feira, 20, causou ruído no comando petista. O encontro ocorreu em meio à incerteza sobre a viabilidade jurídica da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de outubro. Mas se depender do próprio Lula, o ex-prefeito de São Paulo poderá continuar conversando com representantes de outros setores políticos, segundo reportagem dos jornais O Globo e Folha de São Paulo.

Haddad, que foi ex-ministro da Educação de Lula, além de coordenador de seu programa de campanha, segundo a reportagem, tem deixado o líder petista informado sobre a agenda que vem cumprindo na discussão sobre alianças e as eleições presidenciais. A agenda de Haddad, além do encontro com Ciro, teve, também, conversas com o vice-governador de São Paulo e com pré-candidato do PSB ao governo paulista.

O encontro entre Haddad e Ciro girou em torno da formação de uma frente de partidos de esquerda para as eleições deste ano. Esta semana, as fundações de formação política de PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL publicaram um documento comum com propostas para o país, dando um passo na formação da frente. Sem uma confirmação oficial sobre se a conversa tratou de um eventual impedimento jurídico de Lula ser candidato, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse, em reunião da Executiva Nacional, que conversou com Haddad para saber o que ele falou com Ciro, contaram participantes do encontro petista.

De acordo com tais relatos, Gleisi mencionou as recentes notícias publicadas na imprensa sobre o encontro entre Ciro e Haddad como exemplo de como a hipótese de um plano B para a candidatura de Lula estaria vindo de “fora para dentro” do PT.

Condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá (SP), da Operação Lava Jato, Lula está inelegível, em tese, pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Além disso, segundo o entendimento em vigor no STF (Supremo Tribunal Federal), pode ser preso depois da análise de seus recursos na própria segunda instância.

Os advogados de Lula aguardam o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de um habeas corpus que busca evitar a prisão do ex-presidente antes de que ele possa recorrer a todas as instâncias da Justiça. Para a defesa, a prisão após a segunda instância viola o princípio constitucional da presunção de inocência. O caso não tem data para ser julgado.

Os principais dirigentes do PT dizem que o partido não tem um plano B para a eleição presidencial. Vários nomes, porém, foram cogitados pela imprensa e pelo próprio Lula em entrevistas no ano passado e já chegaram a ser testados em pesquisas de opinião. Haddad apareceu no Datafolha de setembro de 2017, oscilando entre 2% e 3% das intenções de voto. Já o ex-governador da Bahia Jaques Wagner foi citado no Datafolha de janeiro deste ano e ficou com 2% das intenções nos quatro cenários em que apareceu.