A menos de um mês do primeiro turno das eleições, o PT deve anunciar o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, nesta terça-feira, 11, como candidato do partido à Presidência da República. Haddad deve ocupar o lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve seu pedido de registro de candidatura barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último dia 1º.

Após uma série de decisões judiciais desfavoráveis e de meses negando a possibilidade de um “plano B”, hoje, lideranças do PT se reúnem em Curitiba, no que pode ser o último ato antes da substituição. A troca da cabeça de chapa deverá ser anunciada por meio de uma carta de Lula, possivelmente lida em ato organizado no acampamento de militantes próximo à Superintendência da Polícia Federal (PF), onde o ex-presidente está preso há cinco meses.

Sempre fez parte da estratégia do partido não tomar a iniciativa de substituir Lula, deixando nas mãos da Justiça os vetos ao ex-presidente como candidato. Agora, por conta do prazo imposto pelo TSE para a substituição do ex-presidente – que acaba hoje –, o PT pode ter que abandonar tal linha de ação. Ainda há recursos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa da candidatura de Lula, ou que ao menos buscam ganhar mais alguns dias para uma troca de candidato. No entanto, nada garante que os recursos serão julgados nas próximas horas.

Se insistir com Lula após o dia de hoje, o PT corre o risco legal de ficar sem candidatura a presidente. Assim, para garantir a participação na disputa, o partido pode se ver forçado a anunciar seu novo candidato. Em público, lideranças petistas mantêm o silêncio, mas não é segredo que o substituto deverá ser Haddad, o que ficou mais claro depois que ele foi escolhido por Lula para ser seu vice, em agosto. Com Haddad na cabeça de chapa, Manuela D’Ávila (PCdoB) será a candidata a vice-presidente.

O dia 11 de setembro poderia ser ainda mais movimentado para o PT. Em junho, o juiz Sergio Moro marcou justamente para hoje o interrogatório de Lula no processo da Lava Jato sobre o sítio de Atibaia (SP), em que o ex-presidente é réu. Em agosto, Moro decidiu adiar os interrogatórios do caso para novembro para “evitar a exploração eleitoral” dos interrogatórios.

Haddad tem 9% no Datafolha

Se já existe o nome, falta saber de que forma exatamente ele será apresentado, e nesse ponto o suspense continua. Haddad visitou Lula na prisão na segunda, 10, para acertar os detalhes do roteiro do anúncio. Mesmo ungido por Lula, Haddad nunca foi unanimidade entre lideranças do PT e continua desconhecido de boa parte do eleitorado.

Se o ex-prefeito for confirmado hoje como candidato, serão postos à prova o poder de Lula como fator de união do PT e como cabo eleitoral. Em pesquisa Datafolha divulgada ontem, Haddad teve 9% das intenções de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). No Datafolha de 22 de agosto, último em que seu nome apareceu, Lula tinha 39% e liderava com folga.

Os recursos no STF

No momento, os advogados de Lula e de sua coligação têm três recursos no STF. Em um deles, cujo relator é o ministro Edson Fachin, a defesa de Lula pede a revisão da decisão do magistrado em que negou um recurso anterior, no qual os advogados pediram o afastamento de qualquer impedimento à candidatura do petista. O recurso tem como argumento um pedido do Comitê de Direitos Humanos da ONU para que o Estado brasileiro, com base em tratados internacionais assinados pelo Brasil, garanta os direitos de Lula como candidato até que o caso do tríplex, pelo qual ele foi condenado em segunda instância, passe por todas as instâncias da Justiça.

Em outro recurso, a coligação formada por PT, PCdoB e Pros busca ao menos ganhar tempo. Os partidos pedem que o prazo de substituição de Lula seja suspenso até que o recurso contra o veto à candidatura do ex-presidente seja analisado no STF, respeitado o limite do dia 17 de setembro – prazo da lei eleitoral para a troca de candidatos. O pedido está com o ministro Celso de Mello.

No último recurso, cujo relator também é Celso de Mello, a coligação contesta a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que barrou a candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa no dia 31 de agosto, e pede urgência na análise do caso pelo STF. Em todos os casos, Fachin e Celso de Mello podem tomar decisões sozinhos, remeter os recursos à Segunda Turma do STF ou mesmo levá-los ao plenário da Corte. No entanto, não há prazo para que eles tomem qualquer decisão. A Segunda Turma se reúne a partir das 14h de hoje, e a próxima sessão do plenário está marcada para as 14h de quarta-feira, 12.

Com informações do Portal Uol Notícias