Pudesse ser apenas um enigma. Mas, não. O corpo faz problema. O corpo dá trabalho. Pode ser muitos. Pode ser, inclusive, o que não queremos. O corpo será sempre o que ele quiser? É social. É político. É tecnológico. É inconsciente. Pensamento. Desejo. Invisível. Invasor. O corpo se despedaça. É estrutura. É movimento. Mas, sobretudo, é estranho. Eu sou o outro e a outra. Teimo e re-existo. Ele se degenera e E.L.A se faz impossível.

E.L.A, finalmente, chega aos palcos dia 06 de fevereiro, às 19h, no Cineteatro São Luiz. Os temas chaves do espetáculo são relacionados diretamente ao nosso corpo: beleza, saúde, política, feminilidade e acessibilidade e nos faz refletir sobre aceitação e sobre o nosso lugar no mundo. Para isso, a encenação, assinada por Diego Landin, aposta numa experiência estética clean e sofisticada. É o primeiro solo da atriz Jéssica Teixeira, que assume também a produção dessa obra.

Sobre o espetáculo

O espetáculo E.L.A surgiu a partir da investigação cênica do corpo inquieto, estranho e disforme da atriz Jéssica Teixeira, e de que maneira o mesmo se desdobra e faz desestabilizar e potencializar outros corpos e olhares.

Ao longo da pesquisa, surgiu também o livro O Corpo Impossível, da pesquisadora Eliane Robert Moraes, a fim de disparar dispositivos dramatúrgicos que expandissem a cena e nos referenciasse multiplamente sobre um corpo em diversas linhas: histórica, filosófica, empírica, mitológica, estética, sinestésica, ética, enfim. E as perguntas que nos rodeavam era: O que seria um corpo? O que seria o impossível? O que acontece no hiato entre os dois?

Descobrimos, afinal, que todo corpo é estranho para si. Nesse sentido, E.L.A tem como objetivo instigar em cada espectador a autopercepção, a autoconsciência, a autocrítica, a autoestima, a autoanálise e a autoimagem, a partir da relação de cada um com o próprio corpo, para uma melhor autonomia e emancipação do sujeito e, consequentemente, uma relação mais lúcida com o outro e com o mundo, explica Jéssica.

Mestre em Artes pela UFC (Universidade Federal do Ceará), atriz e produtora, Jéssica explica que o projeto de montar o espetáculo vinha amadurecendo desde julho de 2017, e foi em novembro que eu convidei o grande amigo e parceiro, Diego Landin, para assinar a direção do espetáculo.

Ele topou e começamos nossos encontros em março de 2018. Ao longo da pesquisa percebi que o espetáculo não conseguiria abordar todas as questões que o tema “Corpo Impossível” ressalta aos nossos olhos, então, ao longo do ano, eu, Jéssica Teixeira, iniciei um processo artístico pedagógico de ministrar oficinas a partir dessa temática, pois via que estar atuando também com oficinas formativas, era um meio eficaz e urgente para uma transformação de um pensamento crítico e social tanto dos alunos, como também do efeito multiplicador que uma oficina possui, conta a atriz.

Os alunos saiam da sala de aula e rapidamente já iam reverberando no mundo as inquietações antigas, mas guardadas lá no inconsciente, e as novas descobertas dos seus corpos.

O mais curioso e pertinente desse tema, era que se tornava quase impossível de dissociar a arte da vida, bem como a sala de aula da vida banal e corriqueira na cidade.

A primeira oficina ministrada aconteceu num período de dois meses no Módulo I dos Cursos Básicos de Teatro do Porto Iracema das Artes e outras já estão sendo traçadas para 2019.

Foto
Beto Skeff

No espetáculo, a atriz dá vida ao inquietante teatro de espelhos e duplos, no corpo da artista, no corpo da obra e no de quem o assiste, dando visibilidade ao corpo de Jéssica Teixeira, pois, acreditamos que destacar esse corpo na sociedade (de corpos/belezas fabricadas e institucionalizadas) e nas artes (que abordam um conceito de belo muito peculiar e que precisamos repensar em suas diversas formas) é provocar no público um desejo de emancipação individual e coletiva a partir da aceitação de nossas diferenças, driblando os clichês e padrões de beleza impostos pela mídia, além encorajar um olhar e uma sensibilidade para a diversidade e multiplicidade, fortalecendo assim a construção do ser político que há em cada um.

Um corpo consciente de si, consciente de seus limites, de suas dores, de seus prazeres e de suas diferenças, torna-se uma potência de atuação no mundo. Ser um produtor de diferenças e assumir essas diferenças é um dos grandes pilares que proporcionam uma ressignificação de valores para um empoderamento pessoal e uma maior aceitação de si, do outro e do mundo.

Serviço:

Apresentação do espetáculo E.L.A com Jessica Teixeira

Local: Anfiteatro do Cine São Luiz

Dia 6 de fevereiro, quarta-feira

Horário: 19h

Ingressos: R$20 e R$10

Informações: https://www.facebook.com/jessicateixeiracatastrofeproducoes/