Os altos índices de popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida ao Palácio do Planalto podem levar o PT a mantê-lo candidato mesmo se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitá-lo com o pedido de registro da candidatura encaminhado no último dia 15.  Uma reportagem do Correio Braziliense, edição desta terça-feira, 28, destaca que ‘’a ala do PT que defende a ideia “ou Lula ou nada” ganhou força.

Considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa – o líder petista cumpre uma pena de 12 anos e 1 mês após condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Lula está preso em Curitiba e de lá define as estratégias políticas e eleitorais do PT. Mesmo com a inelegibilidade imposta pela legislação, a cúpula nacional do PT foi ao TSE pedir o registro da candidatura de Lula à Presidência da República.

A insistência da candidatura do ex-presidente petista o garantiu visibilidade e o manteve  na liderança nas pesquisas de intenção de votos. Com esse cenário favorável, um grupo de militantes e da cúpula nacional do PT quer manter o ex-presidente Lula como candidato, ir ao STF e tentar segurá-lo sub judice até o dia da eleição. Essa movimentação gera, porém, desconforto.

Se o plano for executado — a decisão seria tomada até 17 de setembro, prazo para a troca de candidatura —, pode causar conflito com partidos aliados, principalmente o PCdoB, que desistiu da candidatura de Manuela D´Ávila em troca de um projeto unificado da esquerda.

No começo do mês, de acordo com a reportagem do Correio Braziliense, a sigla afirmou que Manuela seria vice em “qualquer circunstância”. Oficialmente, a legenda ainda defende total apoio à candidatura, e ainda não trabalha com outro cenário. “São só especulações”, afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB).

O cientista político Geraldo Tadeu, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), considera que, se concretizada, a estratégia do PT seria “arriscada” e poderia trazer prejuízos à democracia. “É uma estratégia de tudo ou nada, de ruptura do sistema”, avalia. Tadeu acredita que a Justiça Eleitoral vai agir para impedir qualquer ameaça à integridade e à legitimidade das eleições.

De acordo com o cientista político, é possível que a Corte impeça o PT de colocar o nome nas urnas no dia da eleição, caso tenha a candidatura barrada. “Se não agir, isso ficará na conta da Justiça. A anulação dos votos do petista seria um desastre para a democracia”, completou. A tendência mais forte, porém, continua sendo a de o partido trocar o nome de Lula. Nesse caso, o candidato mais provável para substituição é do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que já compõe a chapa como vice.