Nos últimos quatro anos, 250 de cada cem mil detentos brasileiros morreram em presídios. No quesito homicídios, por exemplo, a média dentro das penitenciárias supera a dos assassinatos nas ruas (são 43 mortes para cada cem mil contra 30,3). Em uma realidade em que 36% dos encarcerados estão presos provisoriamente, sem sequer serem julgados, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os números revelam um quadro ainda maior. As informações estão na edição deste domingo do Jornal O Globo.

As condições a que os presos brasileiros são submetidos têm sido agravadas pelo crescimento expressivo da população carcerária, avalia Marcelo Naves, assessor da Pastoral Carcerária Nacional. Para ele, caso a política de encarceramento em massa seja mantida, as consequências para a sociedade só vão piorar.

O número de mortes em presídios no ano passado cresceu 29% em relação a 2015. Cenários de massacres em janeiro do ano passado, Amazonas e Rio Grande do Norte têm o maior percentual de homicídios entre os estados brasileiros, respectivamente com 68,5% e 55,5% do total de mortes. Já Santa Catarina tem o maior percentual de suicídios (24,6%) nas celas. No total, São Paulo (1.999), com a maior população carcerária, e Rio de Janeiro (853), com a quarta, têm mais mortes nas prisões.

Rio e São Paulo também têm os maiores percentuais de mortes por causa natural: 90% do total nas prisões paulistas, e 76% nas fluminenses. As condições sanitárias e a falta de assistência médica, principais fatores para mortes atrás das grades, provocam consequências econômicas, sociais e de saúde pública, afirmam autoridades.

Embora não existam estatísticas oficiais, uma das enfermidades que epidemia intramuros é a tuberculose. 10,5% dos novos casos notificados no Brasil ano passado foram registrados entre a população privada de liberdade. O risco de um preso contrair tuberculose é 28 vezes maior do que na população em geral. O GLOBO mapeou o número de óbitos em 618 penitenciárias no Brasil.