VEJA

A Justiça Brasileira
Porque chegamos a esse ponto. A quem interessa a desmoralização do Judiciário?

Numa das mãos, a estátua da Justiça segura a balança, símbolo do equilíbrio. Na outra, um ioiô. Um dos muitos memes que circularam pela internet depois da sequência de acontecimentos provocada pela tentativa frustrada de petistas de libertar o ex-presidente Lula, o desenho reflete a perigosa imagem que a Justiça está consolidando. O episódio do ioiô refere-se ao “lula-­preso-lula-solto”, deflagrado pelo desembargador Rogério Favreto no domingo 8. Pode ter sido o evento mais ridículo protagonizado pela Justiça.
Istoé
Começa pra valer o jogo eleitoral
Com as convenções batendo à porta, partidos aceleram as alianças. Na falta do “novo”, candidatos tentam se reinventar para se mostrarem palatáveis ao eleitor, em meio ao mar de indecisos
De acordo com a sabedoria das redes sociais, uma das maiores desvantagens do Brasil ter se despedido mais cedo da Copa do Mundo é que o País viu-se obrigado a voltar a discutir prematuramente suas notícias de sempre. E elas, pegando emprestado o termo adotado pela presidente do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, são “teratológicas”. Além do vai-e-vem das tentativas e pedaladas do ex-presidente Lula para escapar da prisão, provocam também pesadelos as articulações para a mais imprevisível eleição do País desde a redemocratização. Às vésperas das convenções e da definição das alianças, os partidos tradicionais parecem caminhar na contramão dos anseios populares – ou seja, rumo ao abismo.
Em que pese a irrefreável vontade do eleitor por um candidato capaz de personificar a renovação, em contraposição ao jogo surrado de velhos métodos e fórmulas, o “novo” acabou não sendo contemplado na cédula eleitoral. O espelho desse quadro desalentador são as pesquisas de intenções de voto, lideradas hoje não por um aspirante ao Planalto de carne e osso, mas por um elemento abstrato: “o branco, nulo e indeciso”. Em seguida, figuram candidatos que há tempos percorrem a estrada da velha política, mas travestidos de novidade encantam segmentos expressivos do eleitorado pelas beiradas do espectro político: Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT).
Época
A Rainha da Sofrência
O que faz de Marília Mendonça, rainha da sofrência, a artista mais popular do Brasil
Com 4,7 bilhões de visualizações no Youtube, ela faz uma multidão entoar junto canções sobre fossa, traições e porres
Passavam das 23 horas em Votorantim, interior de São Paulo, quando a artista musical mais ouvida do país chegou ao ponto alto de seu show. Em frente a 10 mil pessoas, as luzes do palco apagaram, um globo espelhado foi posicionado e um piano de cauda começou a ressoar os primeiros acordes em tom de tristeza. A toada lenta e o ambiente sombrio ganharam vida quando uma voz forte e grave rompeu a pausa projetada pelo instrumento: “Exagerado, sim”, disse o primeiro verso, enquanto centenas de luzes refletidas pela esfera de vidro iluminaram a estrela da apresentação. A canção seguiu num crescendo ritmado até que explodiu no refrão, quando todas as desilusões amorosas do público pareceram se unir em uma só voz: Não finja que eu não tô falando com você/Eu tô parado no meio da rua/Eu tô entrando no meio dos carros/Sem você a vida não continua, gritou a cantora. Se ao fim da música a sertaneja Marília Mendonça precipitou centenas ao choro e a lembranças irracionais de ex-parceiros, é porque entregou o que pagaram para ouvir e fez jus ao epíteto que ganhou após o sucesso: Rainha da Sofrência.