Absolvida no Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação de ter recebido R$ 1 milhão em propina para usar na campanha eleitoral de 2010, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (RS), ainda é alvo de mais duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além dessas ações, ela também enfrenta uma investigação que corre na Polícia Federal. O inquérito policial que apura um suposto esquema de corrupção no Ministério do Planejamento teve origem nas investigações da Operação Lava-Jato.

Na investigação mais recente, relacionada à Pasta do Planejamento, a PF investiga se a empresa Consist repassou propina para políticos a fim de conseguir contratos com o ministério. A suspeita, de acordo com as diligências, é de que Gleisi recebeu R$ 1 milhão para integrar o esquema. Assim como na ação em que a senadora foi absolvida, o marido dela, Paulo Bernardo, também figura entre os investigados. O dinheiro teria sido repassado pelo escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves. Ainda não ocorreu denúncia relativa a esses fatos.

Os valores teriam sido utilizados na campanha eleitoral dela. Em nota, a senadora negou as acusações e disse que todos os gastos envolvendo o escritório citado foram declarados à Justiça Eleitoral. “Todas as despesas de campanha que fiz com o escritório de Guilherme Gonçalves estão declaradas. Entre uma campanha e outra, ele cuidou dos processos decorrentes das disputas eleitorais, pagando as despesas relativas a esses processos”, afirmou. O inquérito corre sob segredo de Justiça. O escritório Guilherme Gonçalves informou que “todos os honorários recebidos são frutos exclusivos do trabalho do advogado e de longa dedicação à advocacia”.

Lava-Jato

A senadora responde a uma denúncia com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo e o empresário Marcelo Odebrecht pelos crimes de corrupção (passiva e ativa) e lavagem de dinheiro. O processo corre no âmbito da Lava-Jato. Segundo o Ministério Público, os crimes ocorreram em 2010, “quando a Construtora Odebrecht prometeu ao então presidente Lula a doação de US$ 40 milhões em troca de decisões políticas que beneficiassem o grupo econômico”.

As investigações, de acordo com o MPF, revelaram que os valores ficaram à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT), tendo sido utilizada em operações como a que beneficiou a senadora na disputa ao governo do Paraná, em 2014. Gleisi afirma que as acusações “são falsas”, pois tentam “ligar decisões de 2010 a uma campanha eleitoral dela que ocorreu em 2014”.

O Ministério Público ainda pode apresentar os chamados embargos de declaração na ação que resultou na absolvição de Gleisi e do marido na Suprema Corte. Mas o recurso não tem poder para alterar a decisão dos ministros.

Com informações do Jornal Correio Braziliense