A prévia da inflação do País, chamado de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), desacelerou de 1,11% em junho para 0,64% em julho, conforme divulgou nesta sexta-feira, 20, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da desaceleração, essa foi a maior taxa para o mês de julho desde 2004 (0,93%), impactada sobretudo pela alta dos preços de alimentos, transportes e habitação. No acumulado em 2018, o avanço é de 3%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 acelerou para 4,53%, acima dos 3,68% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e levemente acima do centro da meta de inflação do Banco Central para o ano, que é de 4,5%.

Vale destacar, entretanto, que a referência para o cumprimento da meta é o IPCA do fim do ano. O IPCA-15 mediu a variação dos preços no período de 14 de junho a 12 de julho. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,75% para o indicador.

A disparada de preços registrada no mês passado (1,11%) foi a maior variação para um mês de junho desde 1995, e aconteceu na esteira da greve dos caminhoneiros, que paralisou o país no final de maio, e que provocou o aumento nos preços de alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis.

O que mais pesou

Apesar da desaceleração de junho para julho e da normalização do abastecimento no país, os preços dos alimentos e bebidas subiram em média 0,61%. Entre as maiores altas, destaque para o leite longa vida (18,30%), o frango inteiro (6,69%), o frango em pedaços (4,11%), o arroz (3,15%), o pão francês (2,58%) e a carne (1,10%). Já alimentação fora ficou 0,38% mais cara em julho.

No grupo transportes, a alta foi puxada pelo item passagem aérea (45,05%) e pelas passagens de ônibus interestadual (4,6%). Por outro lado, houve deflação de 0,57% nos combustíveis, por conta da redução nos preços médios do óleo diesel (-6,29%), do etanol (-0,78%) e da gasolina (-0,37%).

No grupo habitação, o que mais pesou na inflação foi o item energia elétrica (6,77%) – maior impacto individual no índice do mês, 0,25 ponto percentual, em razão de reajustes ocorridos nas tarifas em parte do país. Destaque também para o gás de botijão (1,36%).

Veja as variações dos grupos pesquisados:

– Alimentação e Bebidas: 0,61%

– Habitação: 1,99%

– Transportes: 0,79%

– Artigos de Residência: 0,36%

– Vestuário: -0,14%

– Saúde e Cuidados Pessoais: -0,08%

– Despesas Pessoais: 0,34%

– Educação: -0,06%

– Comunicação: 0,05%

– Meta de inflação

Após greve dos caminhoneiros, o mercado tem elevado as expectativas de inflação e baixado as previsões de alta do PIB para este ano. A previsão dos analistas aponta para uma inflação de 4,15% em 2018, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Ainda assim, o percentual esperado pelos analistas continua abaixo da meta de inflação que o Banco Central precisa perseguir neste ano, que é de 4,5% e dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema – a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.

Para o resultado do PIB em 2018, os economistas dos bancos baixaram a previsão de crescimento de 1,53% para 1,50% na semana passada. Antes da greve dos caminhoneiros, a estimativa de crescimento ainda estava ao redor de 2,5%.

Metodologia

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de junho a 12 de julho e comparados com aqueles vigentes de 16 de maio a 13 de junho de 2018. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Com informações G1