Candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes já acumula três grandes derrotas na corrida presidencial. Primeiro, viu o Centrão – formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade – firmar aliança com o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, um de seus principais adversários para chegar ao segundo turno. Depois, o PCdoB lançou Manuel D’Ávila como candidata ao Palácio do Planalto, acabando com as esperanças de Ciro de fechar aliança com a sigla – o político cearense chegou a dizer que Manuela seria “uma boa vice”.

Nessa quarta-feira, 1º, porém, não só a candidatura de Manuela deixou Ciro flertando com o isolamento, já que o PSB confirmou acordo com o PT para adotar posição de neutralidade no primeiro turno das eleições presidenciais – Ciro mantinha negociações há semanas com a cúpula nacional da sigla socialista. “Ciro foi rejeitado pela direita, esnobado pela esquerda e fritado pelo Lula”, disse o jornalista Beto Almeida sobre o assunto, dentro do Bate Papo Político desta quinta-feira, 2, do Jornal Alerta Geral (Rádio FM 104.3 – Expresso Grande Fortaleza + 25 emissoras no Interior). O pedetista, porém, disse que ainda espera receber apoio da sigla socialista e que aguarda uma comunicação oficial da legenda sobre a decisão.

“A vida de candidato é dura no Brasil, não é moleza não. Evidentemente, eu não escondo as coisas que eu desejo, é o meu estilo. E eu desejo muito – eu não falei desejava, eu falei desejo muito – o apoio do PSB”, afirmou Ciro, em entrevista à Globo News na noite dessa quarta-feira. O candidato justificou o desejo de apoio citando afinidades históricas da sigla com o trabalhismo, relações fraternas com “a esmagadora maioria dos quadros” da legenda e a comum preocupação “com a degradação de uma certa esquerda mais tradicional no Brasil e a falta de perspectiva de futuro”.

“No momento em que eu lhes falo, eu não recebei nenhuma carta, nenhum sinal de fumaça, nenhuma mensagem. E eu me comporto mais ou menos assim: eu costumo ligar para as pessoas, dar satisfação das minhas coisas, então, estou aguardando que se confirme isso. E se isso se confirmar, é um revés, mas não me abate nem me surpreende. Quando entrei nessa luta, sabia bastante bem que eu era o cabra marcado para morrer”, afirmou.

Em uma análise apurada sobre o tema, Beto destacou que o acordo PT-PDT não foi uma decisão da cúpula petista, mas tem “origem em uma cela” – referindo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba. Para o jornalista, o entendimento de Lula é claro: se não isolasse Ciro neste momento, o pedetista poderia crescer nas pesquisas de intenção de voto, fazendo com que o candidato indicado pelo ex-presidente – já que, em tese, Lula não conseguirá se candidatar por estar inelegível e indicaria um outro nome para a chapa do PT – não conseguisse ter um bom percentual de votos de Lula transferidos para si.

Sobre a atitude particular do PT de se opor à sua candidatura, Ciro avaliou que é “hostil ao País”, porque coloca o Brasil “à beira do abismo”, uma vez que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve conseguir ser candidato. Segundo Ciro, no quadro eleitoral o candidato Jair Bolsonaro (PSL) “sombreia” Geraldo Alckmin (PSDB) e Lula o “sombreia”. “O PT não quer que eu seja a renovação do pensamento progressista brasileiro.”

O candidato ainda destacou que MDB, PSDB e PT estão fazendo, segundo ele, um esforço para mantê-lo isolado. “Devo ter algo muito especial”, disse. O pedetista também afirmou que sempre teve um “backup” para a vice-presidência, caso não fechasse alianças, mas disse que ainda é cedo para anunciar qual seria o nome.

“Sacrifícios”

PT e PSB tiveram que fazer “sacrifícios” regionais para que a aliança entre os dois partidos fosse firmada. Em Minas Gerais, por exemplo, o pré-candidato do PSB ao governo estadual, Márcio Lacerda, terá que retirar sua candidatura – no Estado, o governador petista Fernando Pimentel vai tentar a reeleição.

Em Pernambuco, a situação se repete, mas de lados opostos, já que a candidatura de Marília Arraes (PT) terá que ser retirada para que o caminho fique livre para a reeleição de Paulo Câmara (PSB) ao governo pernambucano.

O tempo de TV

Sem alianças, Ciro teve ter 34 segundos no tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral obrigatória deste ano. Para efeito de comparação, o presidenciável Geraldo Alckmin terá de 10 a 12 minutos, após firmar alianças com o Centrão. Resta ao pedetista, conquistar o eleitor por meio dos debates presidenciais e na campanha pelas redes sociais.

Convenções na reta final

Os partidos entram na reta final para a realizarem suas convenções – o prazo se encerra no próximo domingo, 5 de agosto. A expectativa é que o próximo final de semana seja de muito movimento no campo político nacional e estadual. O correspondente do Jornal Alerta Geral, Carlos Alberto, tem mais informações:

CARLOS ALBERTO – PRAZO PARA REALIZAÇÃO DE CONVENÇÕES ESTÁ ACABANDO

Os outros destaques

Os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida debateram sobre as articulações na política estadual. Nessa quinta, Izolda Cela foi oficializado como vice-governadora da chapa encabeçada por Camilo e o PSDB também definiu a vice do general Theophilo – será a atual vereadora de Caucaia e presidente do Diretório Municipal do PSDB naquela cidade, Emília Pessoa.

Saiba mais:
+ Camilo terá Izolda como vice e apoiará Cid ao Senado

Os dois ainda conversaram sobre a disputa acirrada pelo Senado Federal no Estado – PDT oficializou, nessa quinta, a candidatura do ex-governador Cid Gomes a Casa! A sigla definiu também que só irá indicar um nome para a disputa pelo Senado, deixando o caminho livre para a reeleição do senador Eunício Oliveira (MDB), desejo do governador Camilo Santana (PT). Tem ainda importantes informações sobre a disputa pela Assembleia Legislativa e Câmara Federal!

Gostou do que foi debatido no Bate Papo Político de hoje? Então clica no player abaixo e ouça as análises dos jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida na íntegra!

BATE PAPO 02.08.2018