Alegando sentir medo de Bolsonaro, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa declarou voto no petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial neste domingo.
“Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad”, escreveu Barbosa em sua conta no Twitter.
Barbosa foi responsável julgamento do mensalão do PT e a condenação e prisão de vários líderes do partido. O curioso é que ele foi Indicado a uma vaga no STF pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Antes do início da campanha, o PSB chegou a “namorar”, seu nome para a disputa presidencial, mas em maio, afirmando ter tomado a “decisão estritamente pessoal” decidiu não entrar na disputa pelo Palácio do Planalto e mergulhou.
Haddad publicou a declaração de Barbosa em seu perfil no Twitter. Ele acredota que o apoio do ex-ministro do Supremo possa lhe trazer dividendos eleitorais. Em campanha neste sábado em Heliópolis, favela na zona sul de São Paulo, Haddad comemorou a declaração de voto de Barbosa.
“O que o Joaquim Barbosa falou é o que todo mundo sabe, e alguns têm medo de dizer. Infelizmente, nem todo mundo tem a coragem de admitir o risco que ele (Bolsonaro) realmente representa para o país”, disse Haddad a jornalistas, classificando a declaração do ex-presidente do STF como “a notícia do dia”.
Já Bolsonaro, em suas redes sociais, afirmou que, apesar da declaração de voto de Barbosa, o que ficará para a história é o fato de, segundo o candidato do PSL, o ex-ministro do Supremo ter dito durante o julgamento do mensalão que ele não foi comprado pelo PT.
“Em suas redes sociais, Joaquim Barbosa divulga voto em Haddad, mas já está na história que ele mesmo disse que só Bolsonaro não foi comprado pelo PT no esquema de corrupção conhecido como Mensalão, que feria gravemente a democracia do nosso país anulando o Poder Legislativo”, escreveu o candidato.
A publicação foi acompanhada de um vídeo em que, durante o julgamento do mensalão, Barbosa diz que Bolsonaro votou contra a orientação de seu então partido, o PPB, em votação de interesse do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual parlamentares da legenda receberam propina para votar a favor do governo.
Logo depois Barbosa respondeu Bolsonaro: “A manipulação foi reiterada em resposta ao exercício, por mim, da liberdade de dizer em quem vou votar amanhã. Desde 2014 jamais emiti opinião sobre a conhecida Ação Penal 470. Mudei de atividade profissional. Virei a página. Mas vou esclarecer às pessoas sem conhecimento técnico o seguinte: a ação 470 envolvia sobretudo líderes e presidentes de partidos”.
Na sequência: “Bolsonaro não era líder nem presidente de partido. Ele não fazia parte do processo do Mensalão. Só se julga quem é parte no processo. Portanto, eu jamais poderia tê-lo absolvido ou exonerado. Ou julgado. É falso, portanto, o que ele vem dizendo por aí”. Na verdade, o processo do mensalão investigou votações no período em que Bolsonaro era deputado federal filiado ao PTB (2003 a 2005) – partido de Roberto Jefferson, político que foi protagonista do escândalo.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS