A derrota dessa terça-feira (20), sofrida pelo governo, escancara a desarticulação política entre Bolsonaro, aliados e Palácio do Planalto – é um aviso simbólico. O recado que fica é de um vazio no diálogo entre as bancadas. Para o jornalista Beto Almeida, os deputados deixaram, com isso, um recado claro: ou Bolsonaro desce e se articula, ou não tem conversa; se não negociar com os deputados as reformas se tornam mais difíceis.

Sobre o tema, que foi destaque no Bate Papo Político desta quarta-feira (20), no Jornal Alerta Geral, os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida alertam paras as dificuldades em se aprovar, também, as duas principais reformas pretendidas pelo governo Bolsonaro: Pacote Anticrime e reforma da Previdência. A derrota dessa terça pode ser, assim, uma alerta para as dificuldades que podem surgir no caminho dessas duas decisões.

Para Beto Almeida, a articulação política foi nula, inclusive, no PSL, que teve parlamentares votando contra o decreto de alteração da Lei de Acesso à Informação – caso do deputado Luciano Bivar (PE) – infligindo a primeira derrota ao Planalto pela Câmara dos Deputados. Além de Bivar, o Coronel Tadeu, também do PSL (SP), votou contra a medida. O requerimento foi aprovado por 367 votos, com apenas 57 votos contrários.

Entenda:

O projeto de decreto legislativo aprovado suspende os efeitos do decreto 9.690/19, que permitia ocupantes de cargos comissionados classificar informações públicas nos graus de sigilo ultrassecreto ou secreto. Essa foi a primeira derrota do governo Bolsonaro no Parlamento e aponta para as dificuldades que o Governo terá para aprovar a reforma da Previdência.

Antes do decreto, a classificação de informações públicas como ultrassecretas era exclusiva do presidente e do vice-presidente, ministros e autoridades equivalentes, comandantes das Forças Armadas e chefes de missões diplomáticas no exterior. Os deputados se mostraram irritados com a decisão do Governo de não antecipar o conteúdo da reforma.

Os parlamentares se mostram insatisfeitos com a falta de interlocução com o governo, e reclamam de não terem sido chamados para discutir a reforma da Previdência antes da apresentação da proposta à Casa – que ocorre nesta quarta-feira (20).