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Se a percepção pública é de que a democracia está em declínio no mundo porque as pessoas estão menos preocupadas com isso, um estudo publicado nessa terça-feira (25) mostra justamente o contrário: a maioria das pessoas (79% em média) acha a democracia importante, mas menos da metade, 41%, considera que seu país é democrático o suficiente.

Segundo o Índice de Percepção da Democracia , que mediu o nível de confiança no sistema político e ouviu 150 mil pessoas de 54 países, as redes sociais, as finanças globais e a liderança dos Estados Unidos são vistas como as principais ameaças às instituições democráticas, principalmente no Ocidente.

No caso do Brasil , enquanto 83% das pessoas consideram a democracia importante, mais da metade (58%) se declara insatisfeita com o grau de democracia no país.

—  Quando você pergunta às pessoas ao redor do mundo sobre a democracia em seu país, fica claro que a crise que as democracias estão enfrentando não são um grito contra a democracia, mas um grito por mais democracia —  afirma Nico Jaspers, CEO da Dalia Research, empresa alemã responsável pela pesquisa em parceria com a Fundação Aliança para as Democracias.

Patrick Matthews, especialista da fundação, explicou ao GLOBO que alguns líderes atuais tentam convencer as pessoas de que a democracia não é “adequada para todas as culturas” ou que ela não é importante no cotidiano dos cidadãos:

— Acho importante primeiro considerar o atual ambiente político global. Líderes mundiais como Donald Trump , nos EUA , Xi Jinping, na China, e Viktor Órban, na Hungria, estão dizendo ao mundo que seus cidadãos só se preocupam com economias bem-sucedidas e emprego.  Essa é frequentemente uma cortina de fumaça.

O papel dos Estados Unidos no cenário global foi um dos focos da pesquisa. Os americanos entrevistados se mostraram divididos: 46% disseram considerar o país democrático e 40%, não o suficiente. E se mais da metade deles acredita que seu país teve um impacto positivo na democracia em todo o mundo, os entrevistados na maioria das nações ocidentais, como o Canadá e a maior parte da Europa, diz o oposto.

Outro ponto pesquisado foi o papel das redes sociais no processo democrático. Os resultados mostram que mais de 40% dos entrevistados em países como Holanda, Estados Unidos, Canadá e Áustria, entre outros, sentem que as mídias sociais como Facebook e Twitter tiveram um impacto negativo na democracia.

— As plataformas sociais tornaram-se extremamente importantes na maneira como os cidadãos interpretam a política, então aproveitamos a oportunidade para examinar isso com a pesquisa — disse Matthews.

No Brasil, no entanto, apenas 16% dos entrevistados veem as redes como uma influência negativa.

— Países desenvolvidos tiveram uma crise de consciência em torno das plataformas sociais e o efeito que elas têm em suas políticas e debates cívicos — afirma o especialista da  Fundação Aliança para as Democracias. — Cidadãos de países “menos desenvolvidos” ou “menos democráticos”, por outro lado, podem ver as questões de privacidade levantadas pelas redes sociais como menos importantes em comparação à política interna ou aos problemas econômicos que enfrentam.

 

 

 

 

(*)com informação do Jornal O Globo