O procurador da República Marcelo Miller, que integrava o grupo de trabalho da Lava Jato em Brasília, pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF). Ele deve sair oficialmente da instituição nos primeiros dias de abril e vai se dedicar à advocacia. Miller foi um dos responsáveis por colher depoimentos de delação premiada considerados chave na investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), como os acordos do senador cassado Delcídio Amaral e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Ele também participou da negociação da delação da Odebrecht, nos primeiros meses das tratativas, mas depois deixou a equipe.

Desde o início do segundo semestre do ano passado, Miller se afastou do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, permanecendo apenas como colaborador eventual.

O procurador da República deve se dedicar à área de compliance, que trabalha na prevenção de práticas criminosas dentro de empresas. Procurado, ele não quis comentar a saída da instituição.

Miller é o único entre os procuradores que já fizeram parte do chamado GT – o grupo de trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Lava Jato – a deixar a carreira para advogar, até o momento. O caminho do Ministério Público para a advocacia, no entanto, já foi feito por outros ex-procuradores da República como Eugênio Pacelli e Luciano Feldens – este último, um dos advogados que negociaram a delação de Marcelo Odebrecht.

Desde a intensificação do uso de delações premiadas, o próprio procurador-geral da República chegou a especular com pessoas próximas que procuradores do seu círculo pudessem ser assediados por escritórios e empresas, por causa da expertise na área criminal.

Miller é procurador da República do Estado do Rio de Janeiro. Desde que Janot foi indicado pela primeira vez para chefiar o Ministério Público, o procurador está deslocado para auxiliar os trabalhos no gabinete do PGR. Ele fez parte da equipe da assessoria jurídica criminal do gabinete de Janot antes de integrar o GT da Lava Jato. No gabinete, era chefiado por Douglas Fischer, procurador regional da república da 4ª Região, que também já fez parte do grupo de trabalho da Lava Jato.

Integrantes do grupo que auxilia Janot na Lava Jato costumam negar a existência de qualquer rusga na equipe.

No último dia 2 de fevereiro, em postagem em sua página no facebook, Miller se posicionou de forma contrária à publicidade do conteúdo de delações premiadas. Segundo ele, as colaborações “em regra” não deve ficar público para subsidiarem novas investigações.

Com informações O Estado de São Paulo