Os dirigentes nacionais do PSDB se reuniram, na noite dessa segunda-feira, em São Paulo, para discutir a crise política  e, após quatro horas de conversa, os caciques nada decidiram sobre a permanência com cargos no Governo do presidente Michel Temer. A decisão final ficou para o mês de agosto, mas o presidente interino da Executiva Nacional, senador Tasso Jereissati, foi taxativo: ‘’partido está desembarcando por si mesmo’’.

Durante o encontro, regado à pizza,  o partido estabeleceu uma nova condição para decidir sobre se entrega a Temer os ministérios que comanda. Segundo Tasso, é preciso conhecer a posição majoritária da bancada do partido na Câmara antes de tomar uma decisão. ‘’Essa decisão será discutida após termos definida uma posição da bancada federal. Nós conseguimos identificar (uma tendência) na bancada na CCJ, mas não na bancada (que vai votar) no plenário’’, observou o tucano.

Pouco antes das declarações do senador cearense, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli, havia dito aos jornalistas na frente de Tasso que existe uma maioria na bancada a favor da admissibilidade da denúncia contra Temer numa votação em plenário. ‘’ Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade mas não sei quantificar ainda’’, disse Trípoli.

Como contraponto, Tasso, então, admitiu que um desembarque da sigla do governo Temer está se desenhando mesmo sem uma orientação da direção do partido. ‘’Viemos aqui informar aos governadores o que está acontecendo na bancada federal e trocar ideias. Não há consenso. Mas o que estou observando é que o partido por si mesmo está desembarcando independentemente do controle ou da minha vontade’’, acrescentou.

A discussão sobre os rumos do PSDB terá desdobramentos nas próximas horas: Trípoli e Tasso anunciaram para esta terça ou quarta-feira uma reunião da bancada do PSDB na Câmara para mapear a postura dos deputados tucanos na votação em plenário do relatório que virá da Comissão de Constituição e Justiça sobre a admissibilidade da denúncia contra Temer. Na CCJ, cinco dos sete deputados do PSDB votarão a favor da denúncia da Procuradoria-Geral da República.

Um novo momento na relação do PSDB com o Palácio do Planalto passa pela votação do parecer sobre a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Temer. ‘’Na CCJ temos uma maioria, 5 a 2, pela admissibilidade da denúncia. Agora no plenário vamos convidar a bancada para uma reunião amanhã ou depois para definirmos a postura da bancada. Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade mas não sei quantificar ainda’’, avalia  Tripoli.

Durante o encontro dos tucanos em São Paulo, ficou decidida, com a presença do senador Aécio Neves, a  antecipação para agosto da eleição interna que aconteceria somente em maio de 2018. A convenção partidária escolherá o novo presidente do PSDB e demais integrantes da Executiva nacional.

O senador Tasso Jereissati negou que um afastamento imediato de Aécio da presidência do PSDB tenha sido assunto da reunião. ‘’Não discutimos isso. Em agosto vamos fazer uma nova convenção que não vai ser só a eleição de uma nova Executiva mas vai haver ampla discussão sobre o futuro do partido’’, observou o tucano. O senador Aécio Neves está afastado temporariamente da Presidência da Executiva Nacional do PSDB após ser citado e aparecer em uma  gravação pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista.

Com informações dos Jornais O Globo e do Estadão