O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), plataforma integradora de informações que atua há mais de 60 anos na análise de dados para decisões de crédito das empresas, entrou na última quarta-feira (2), com um pedido de homologação no Banco Central para operar como uma entidade registradora no recém-criado mercado de duplicatas eletrônicas e de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs). O ingresso ao setor será por meio da criação de uma nova empresa S/A formada com a startup Grafeno Digital, fintech que atua no desenvolvimento de soluções que simplificam processos financeiros por meio de tecnologias emergentes.

A expectativa é de que a entrada do SPC Brasil nesse segmento crie mais dinamismo, segurança e estimule a competição no mercado, que conta com apenas duas empresas homologadas pelo Banco Central. “O mercado de duplicatas eletrônicas é bastante promissor no país e com a sua regulamentação possui grande potencial de transformar o setor financeiro, injetando mais crédito na economia, garantindo segurança na antecipação de recebíveis e simplificando as transações comerciais entre empresas. Vamos unir a expertise tecnológica da Grafeno ao DNA inovador do SPC Brasil, que já atua há décadas na proteção aos credores”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Após apreciação do pedido pelo Banco Central e posterior autorização, o SPC Brasil estima que poderá levar aproximadamente seis meses para implementar o modelo de negócio e começar a operar.

SPC Brasil fará controle de recebíveis de ponta-a-ponta

A parceria incubada no SPC Lab, laboratório de inovação do SPC Brasil, nasce com o objetivo de reduzir as fraudes e aumentar a segurança do crédito no mercado de recebíveis, reforçando o propósito de levar confiança e mais transparência para as relações entre as empresas.

“Trata-se de uma revolução que vai sedimentar um mercado promissor de emissão e negociação de títulos e o SPC Brasil, com toda a sua bagagem de seis décadas como fonte confiável de informação na análise de crédito e em soluções digitais, não poderia ficar de fora deste momento transformador. O registro eletrônico da duplicata dará mais segurança às operações e sustentará sua garantia de recebimento. Isso poderá evitar fraudes como, por exemplo, que um fornecedor use uma mesma duplicata para antecipar os recursos em mais de uma instituição financeira. Já as empresas de menor porte poderão destravar o uso de duplicatas como garantia junto aos bancos e demais instituições financeiras na obtenção de recursos para capital de giro, ao mesmo tempo em que minimizam riscos operacionais, fraudulentos e cobrança de taxas”, analisa Pellizzaro Junior.

A escolha da Grafeno Digital como parceira nesta empreitada vai permitir o desenvolvimento de soluções a partir de uma plataforma 100% digital e que reúne todas as especificações jurídicas que garantem a solidez e segurança para o registro das duplicatas, sendo responsável pelo controle de recebíveis de ponta-a-ponta, desde a cobrança, verificação de validade, passando pelo monitoramento e recebimento das duplicatas, até o registro. Incluindo ainda a transferência de titularidade, acompanhamento de liquidações e conciliação entre as partes. A ideia também é que o SPC Brasil sofistique o registro de duplicatas acoplando o seu portfólio tecnológico de soluções de análise de crédito às operações, um diferencial com relação aos possíveis concorrentes.

Criada em 2019 pelos empreendedores Paulo David e João Pirola, a Grafeno Digital atende aos principais Fundos de Investimentos em Direito Creditórios (FIDCs) do país. Paulo David, presidente da empresa, teve participação em alguns projetos de inovação marcantes no mercado financeiro, como a fintech Biva, voltada a empréstimos para pessoas físicas e microempresas, adquirida pela PagSeguro, empresa de meio de pagamentos.

Novo modelo aprimora sistema de garantias

O segmento de registradoras eletrônicas é uma infraestrutura nova dentro do mercado financeiro e foi instituída no final de 2018 pelo Banco Central, por meio da Agenda BC+. Com a alteração, as duplicatas – que são notas de operações realizadas entre empresas e seus fornecedores e funcionam como uma espécie de ‘título de garantia’ para o mercado de crédito fazer a antecipação do valor que o empresário teria a receber – ganham uma versão digital, que pode ser depositada em uma registradora.

A regulamentação desse novo mercado modernizará o lançamento do comprovante de crédito, que atualmente é feito em grande medida de forma manual em cartórios. Na prática, as entidades registradoras terão como papel registrar os títulos de duplicatas, controlar os documentos e formalizar as comprovações de pagamento, dando mais organização, segurança jurídica e unicidade aos processos que hoje são dispersos e pouco sistemáticos.