O presidente Michel Temer está promovendo uma verdadeira maratona para enquadrar parlamentares e ministros sobre a necessidade de aprovação, o quanto antes, da reforma da Previdência. Ele também abriu espaço para negociar a questão da aposentadoria rural, um dos entraves do texto, segundo os congressistas.

Ao mesmo tempo que tende convencer deputados e senadores, o governo está pressionando também os ministros políticos, representantes de partidos para evitar novas traições na base aliada, como ocorreu na semana passada na votação da terceirização na Câmara. As planilhas preliminares de contabilização de votos para a reforma da Previdência serão feitas pelos ministros junto às suas bancadas. O governo quer ter uma radiografia completa deste quadro para que não haja qualquer tipo de dúvida de sua aprovação na comissão especial.

Governadores de partidos aliados também serão acionados para que convençam parlamentares da bancada dos respectivos Estados sobre a importância da aprovação.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, fez várias reuniões ontem com ministros para pedir empenho no convencimento dos deputados. Antes da reunião de “realinhamento de discurso” no Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu em sua casa líderes dos partidos para também discutir estas reformas.

Voto a voto. O governo quer contabilizar e juntar todos os votos necessários para aprovação da reforma da Previdência, depois do susto inicial da aprovação do projeto que regulamenta a terceirização, que teve 231 votos favoráveis, 188 contra e 8 abstenções. Para a PEC, são necessários 308 votos e Temer quer cobrar da base aliada garantia de fidelidade à votação da reforma da Previdência.

Ficou acertado na reunião com Temer que o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy e o líder do governo na Câmara, Agnaldo Ribeiro (PP-PB) vão fazer cronograma de conversa com as bancadas, ajudando até mesmo na contabilização dos votos.

Na segunda rodada de reuniões do dia, desta vez com os senadores, Temer tentou derrubar o argumento de que a matéria é impopular e pode prejudicar a reeleição dos parlamentares. Para isso, usou seu exemplo, lembrando que, quando foi relator da reforma da Previdência no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lhe disseram que poderia perder votos. “Sabem o que aconteceu? Na eleição anterior eu tive 78 mil votos. Na eleição depois de aprovada a reforma eu tive 208 mil”, rebateu.

Diálogo. Os parlamentares se queixaram ainda que a comunicação do governo precisa melhorar para explicar mais a reforma para a população.

O presidente não explicou o que poderia ser aberto para negociação, mas sinalizou que a aposentadoria rural poderá ser objeto de discussão. Seria o segundo recuo do governo, que já abriu mão dos servidores estaduais e municipais. A inclusão deste ponto no bolo da previdência é foco de resistência principalmente das bancadas do Norte e Nordeste.

“O presidente está disposto a dialogar para não ferir os princípios da reforma”, declarou ao Estado o deputado Danilo Forte (PSB-CE). Segundo Danilo, o presidente Temer reconheceu ainda que “é preciso melhorar a interlocução com a sociedade para explicar o que é exatamente a reforma da Previdência”.

Com informações O Estado de São Paulo